
"Entre dias, meses, anos, forte, inexorável e contínuo (e porque não líquido!), o Hoje predomina, sem luta, sem ditadura, suave! O Ontem, apesar de ser mais certo do que muitas coisas, não é um Hoje, mesmo que seja elegante, mesmo que não saia de nossas conversas, pensamentos, mesmo que seja trágico ou não. O Amanhã, mesmo que seja promissor, ainda que seja até utópico, digno de sonhos, ideais, logo se renderá à supremacia do Hoje. Portanto, na sombra do Ontem e na ideia do Amanhã, o Hoje torna-se o lugar do real. É fatal quando ignoramos o Ontem, esquecendo-nos do Amanhã e só olhamos para o Hoje. O Hoje só pode ser o real quando não se torna a única coisa que entendemos por realidade. É fato: só temos o Hoje como lugar real, mas o Ontem me trouxe ao Hoje e este me levará para o Amanhã, entre dias meses e anos, pois esta é a realidade. Eis é a dança da vida, movimento contínuo, libertador, ao menos que não se queira, ao menos que já nos consideremos pessoas prontas, acabadas, auto suficientes. Somos seres históricos. Ou seja, temos uma história que nos construiu até aqui. É fácil ignorar o passado quando o mesmo não foi tão bom assim. Difícil é olhar para o Hoje e nele edificar o que outrora destruímos, mas sempre será possível enquanto houver vida. O que deu errado, o que se perdeu ou perdemos, o que fizemos ou deixamos de fazer, de alguma forma Hoje há a possibilidade de darmos um novo sentido. Podemos contabilizar muitas mortes no Ontem, mas no Hoje ainda ficou a vida, quer queiramos ou não, quer sejamos nós os vivos ou não. O que importa realmente, o que sempre esteve nós pés dos saudáveis, é a força de no Hoje se firmar, pois o Amanhã só deixará de ser uma mera utopia, um lugar impossível de se alcançar e se tornará um Hoje quando se considerar a História. O gerúndio é a forma mais correta de se auto explicar. Como assim? Estamos indo, escrevendo nossa história que é única, vivendo entre dias, meses, anos... até o relógio parar... o nosso relógio parar!