sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Entre dias, meses e anos...


"Entre dias, meses, anos, forte, inexorável e contínuo (e porque não líquido!), o Hoje predomina, sem luta, sem ditadura, suave! O Ontem, apesar de ser mais certo do que muitas coisas, não é um Hoje, mesmo que seja elegante, mesmo que não saia de nossas conversas, pensamentos, mesmo que seja trágico ou não. O Amanhã, mesmo que seja promissor, ainda que seja até utópico, digno de sonhos, ideais, logo se renderá à supremacia do Hoje. Portanto, na sombra do Ontem e na ideia do Amanhã, o Hoje torna-se o lugar do real. É fatal quando ignoramos o Ontem, esquecendo-nos do Amanhã e só olhamos para o Hoje. O Hoje só pode ser o real quando não se torna a única coisa que entendemos por realidade. É fato: só temos o Hoje como lugar real, mas o Ontem me trouxe ao Hoje e este me levará para o Amanhã, entre dias meses e anos, pois esta é a realidade. Eis é a dança da vida, movimento contínuo, libertador, ao menos que não se queira, ao menos que já nos consideremos pessoas prontas, acabadas, auto suficientes. Somos seres históricos. Ou seja, temos uma história que nos construiu até aqui. É fácil ignorar o passado quando o mesmo não foi tão bom assim. Difícil é olhar para o Hoje e nele edificar o que outrora destruímos, mas sempre será possível enquanto houver vida. O que deu errado, o que se perdeu ou perdemos, o que fizemos ou deixamos de fazer, de alguma forma Hoje há a possibilidade de darmos um novo sentido. Podemos contabilizar muitas mortes no Ontem, mas no Hoje ainda ficou a vida, quer queiramos ou não, quer sejamos nós os vivos ou não. O que importa realmente, o que sempre esteve nós pés dos saudáveis, é a força de no Hoje se firmar, pois o Amanhã só deixará de ser uma mera utopia, um lugar impossível de se alcançar e se tornará um Hoje quando se considerar a História. O gerúndio é a forma mais correta de se auto explicar. Como assim? Estamos indo, escrevendo nossa história que é única, vivendo entre dias, meses, anos... até o relógio parar... o nosso relógio parar!

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Um pequeno trecho parte II

"Cair, levantar, perder, recomeçar... Mas se Tua mão me segurar eu correrei até voar. Subirei apoiado em Ti." Reconheço minha pequenez. Longe de mim querer vender uma imagem de piedoso, de coitado ou até mesmo de santo. Não! Basta! Reconheço que dependo de Deus e do próximo. Como assim? É que essa história de que não tenho ninguém que mereça a minha confiança somente eu mesmo, é por mim considerada um grande mal. Sim, critico esta ideia vigente que pauta o cenário atual onde nós somos a medida, o centro, a referência única da verdade, do bem e do amor. Nunca o ser humano conseguiu bastar-se a si mesmo, mas sempre tentou... eu ainda tento, várias vezes ao dia! Será que estamos (o ser humano de modo geral) tão emancipados assim? Será que quando quisermos alguém em quem podemos confiar só sobrará nós mesmos e não haverá um outro ao meu lado ou um Outro acima de mim que sabe de todas as coisas, principalmente sabe o que se passa dentro de mim? O que sei é que não sei o suficiente. Penso que a insuficiência tem tudo a ver comigo. Eu sou insuficiente, sou fraco, preciso de ajuda. Mesmo tendencioso a acreditar que sou deus, mesmo com todo este Grande Marketing que me seduz a crer que sou o tal, dentro de mim, em mim, a insuficiência me acorda, ou pelo menos deveria me acordar, e me mostra o chão da realidade: "Eu caio, mas levanto. Eu também perco, cometo erros, desisto, mas recomeço sempre quando me apoio nas mãos Daquele que me segura até eu conseguir voar, apoiado Nele, somente Nele!" Isso se chama fé, não fé em mim mesmo, mas em Deus, em Jesus Cristo, que melhor do que ninguém conhece os dilemas humanos.
Engraçado, se estamos tão emancipados, tão felizes e tão senhores de tudo, como justificar o crescente "sucesso" da literatura de auto ajuda? Claro, somente eu posso me ajudar a mim mesmo! Como assim? Será que sou tão suficientemente capaz disso? Não creio...

Tempo, amigo permanente!

"Passou por aqui, tão rápido, tão forte, não pude conter-te. Não eras meu, não podia ser, não cabes em mim. Eu até tentei e ainda tento segurá-lo pelas mãos, minhas frágeis e passageiras mãos. Pelos dedos escapastes, levando ideais, pessoas, coisas... Mas, o que deixastes por aqui? O que ficou que ainda não quisestes para ti? Obrigado, meu amigo, pois me deixastes o Hoje, o aqui e o agora.
E, neste Hoje, a vida permanece. O ar, a cor, a fome e o sonho ainda estão me motivando. Mas, confesso a ti minha dor, meu desgosto, meus passos cansados. Tens o poder de mostrar que não te submetes a mim, quando me mostras o que realmente és, o que é meu, o que por aqui fica, o que sobrou, e o que é mais importante.
Tempo: amigo que se faz de previsível, mas na imprevisibilidade me surpreende. Passa, acontece, me leva e leva o que tem que ir. Passa, às vezes como uma tempestade, deixando o que tem que ser deixado, destruindo o que precisa, o que não é firme, pois estava a impedir a ordem, base segura da maturidade, e para que eu veja que a vida, os sonhos, os ideais precisam sempre repousar no chão da realidade. Não posso limitar Deus e sua Vontade. O Tempo se encarrega de me fazer entender isso, de me mostrar meu lugar e o mais importante, tal servo de Deus, o Tempo, me faz ver o quanto sou capaz de encontrar razão e sentido em meio aos escombros do que ficou. Aí também vou aprendendo a ser um pouco mais imprevisível, na arte de refazer, de me refazer e na coragem de continuar sem querer disputar com quem não posso."