domingo, 26 de junho de 2011

Medo...



Neste mundo das muitas possibilidades, quase não se tem tempo para refletir sobre as escolhas que são feitas. As atitudes são apressadas, previsíveis, e quanto menos riscos se correr, melhor. Ou seja, decidir-se na calma pode custar caro. Pode custar uma certa paciência a mais, uma certa demora em saber se aquele caminho é o certo e pode custar ainda mais se a conclusão a que se chega mostrar que nenhum caminho serve. Ficar parado, ninguém quer. O ser humano hodierno vive num frenesi absoluto, ao sabor da fácil substituição de coisas e pessoas, pois parece que estar envolvido nesta chamada correria é o que o distingue dos outros seres, isso é o que tem mostrado alguns letreiros, algumas propagandas, vitrines...
 A hipótese da perda assusta. Por isso, as atitudes têm que estar de acordo com a maioria, o império do famoso senso comum, segurança dos que ainda não criticam a si mesmo e a realidade que os cercam. Neste mundo (o mundo que é ilustrado e não o que existe de fato) o medo não pode existir. O medo é soterrado, esquecido, ignorado. Não se pode tê-lo, senti-lo, querê-lo, sobretudo no que diz respeito à produção. O ser humano não pode ser incapaz de dar conta de suas responsabilidades. O medo de talvez não conseguir não é bem vindo, é trágico.
A reflexão sobre as escolhas sugere o medo. A reflexão sobre os próximos passos na vida é obra da razão e a mesma se vê enfraquecida diante da impossibilidade de se medir com precisão a margem de erro. Bendito medo! Bendito medo que traz de volta um espírito aventureiro que há muito estava adormecido. O risco é irmão do medo. Só quem arrisca poderá dialogar com o medo e perceberá o quanto mais humano se tornará. Obviamente, o medo é inato, está embutido, estruturado em nós, é natural ter medo. Mas, o medo só "serve" para nos vermos assustados em alguns momentos ou só para nos enfraquecer diante dos desafios da vida? Claro que não! 
As possibilidades, os caminhos, as ideias continuarão por aí. Anseio por esse dia, em que o homem não terá medo de ter medo. Saberá que talvez não conseguirá dar conta do que precisa. Terá consciência de sua limitação, coisa que a experiência de ter medo insiste em lembrar. Olhará para seu próximo com mais compreensão, pois nessa experiência de ser mais humano, medroso, mas corajoso a partir da experiência da falta de tal coragem, verá que não estará sozinho e, ao final, se sentirá um privilegiado por tão ilustre visita. Visita essa que não o faz desistir de lutar, pelo contrário. Diante dessas muitas possibilidades que exigem pressa, não temerá não ter tanta pressa assim. A reflexão responsável, aliada ao medo, mostrará sua firmeza, organizando seus passos.
Se tudo isso parece meio utópico, pode até ser. Mas compreendo que quando não temo em visitar as minhas utopias, a realidade se aproxima mais de mim. Contraditório? Pode ser. Mas penso que só quem encara suas verdades, poderá falar da Verdade a quem quer que seja. As utopias existem, dentro e fora de mim. Isso amedronta? Deus, em seu Filho Jesus Cristo, assumiu a humanidade. Ele sabe o que é ser Ser Humano. Portanto, se Jesus sabe das penumbras que vivo, também quero saber das mesmas, sem dó!  

quinta-feira, 23 de junho de 2011

E o inefável?

E o inefável?
Há o Absoluto? Há, de fato, um Deus Criador de todas as coisas e que contradiz àquela ideia de que sua indiferença é o seu amor por suas criaturas? Será que há uma Verdade (que é esse mesmo Deus Criador) que está nos fundamentos das atitudes dos seres mortais e acima, como uma suposta essência metafísica de tudo o que existe? Há quem possa comprovar tudo isso? Penso que a “Aposta de Pascal” pode ajudar nesta reflexão.
Acredito que, por mais que usemos da nossa fala, de conjecturas e dissertações, ainda ficarão coisas, fatos e experiências que não conseguiremos expressá-las por meio de proposições logicamente aceitáveis. Haverá sempre uma palavra a ser dita, um desejo a ser realizado e haverá sempre um objeto faltante que, segundo Freud, é o que movimenta o nosso psiquismo e, portanto, psique trabalhando significa vida.



Sei que o número 2 é um ente de razão. O que existe, de fato, são duas coisas. Aí, posso, em função de um objeto chamar outro objeto de “outro”. Óbvio! Então, uma coisa “é” uma coisa em função da outra coisa... Exemplo: eu sou eu e não outro. Sou único, como também cada ser humano é único, pois não há outro eu etc. Mas, só posso ser único porque não há outro que seja eu. Portanto, se há um Absoluto, uma instância maior (Verdade, Deus), posso pensar que essa instância é o totalmente Outro. É um totalmente Outro que não permite uma compreensão sistematizada de si mesmo. Ou seja, eis o inefável, o inexprimível e o invisível porque a lei que dita meu crescimento totalitário (corpo, alma e espírito) respeita este espaço de carência (ausências de conjecturas, de coisas e da sistematizada compreensão de Deus etc.) como garantia da minha sobrevivência. Claro, sobreviver estando vivo e não sobreviver estando morto (Leia-se: se nosso psiquismo não trabalha, acho que criaremos mundos à parte e nele seremos deuses, o absoluto, o inefável e teremos um deus sistematizado!)
Ah! Há algo dentro de mim apontando a mira para o que não consigo explicar e pouco entender! Shopenhauer dizia que a vontade era essa essência metafísica de tudo o que existe. Aí, ele não sabia se era melhor ter o objeto desejado em mãos ou viver querendo ter o mesmo. Pois, se o desejo fosse realizado, logo viria o tédio por se ter chegado a tal fim. Mas outros desejos surgiriam e o homem se perceberia num ciclo fechado, girando entre realizações que logo se tornam faltas, ausências, de desejo em desejo e de tédio em tédio. Quando não se tem o que se quer ou precisa ter, eis o período, acima citado, de carência, de falta. Mas, qual ser dotado de razão e que se acha o cara, pode dizer que já tem tudo o que desejou e pronto, parou a busca e está feliz? Tem alguém que possa afirmar isso de si mesmo em nosso mundo contemporâneo?
Então, que objeto é esse ou que coisa é essa, que pessoa é essa, que casa é essa, que carro é esse que comida é essa etc. que vivo a desejar tendo fortes indícios de nunca alcançá-los perfeitamente? Que palavras são essas, que conjecturas são, que teses são essas, antíteses e etc. que ainda não consigo expressar, concatenar, comprovar...AHaHaH!!
Meu coração aponta à eternidade! Creio não poder, com minha limitada compreensão do mundo, de mim mesmo e do outro, criar essa chamada vida atemporal. Creio não ser capaz disso. Mas, não se preocupe. Se não consegue me entenderme desculpe. A culpa não é sua e nem minha. Como vou explicar o inexplicável, que também chamo de inefável, invisível e inexprimível? Viu, sempre haverá uma palavra, um desejo e uma ideia. To tentando concluir mas me dá uma vontade de continuar a escrever, falar e...


terça-feira, 21 de junho de 2011

E quando é necessário recomeçar?

Este blog acabou de entrar num processo diferente. Não, ele não vai só ficar mais atualizado e, por isso, mais divulgado. Não, essa não é a minha intenção. Simplesmente eu me decidi a interrogar-me sobre até que ponto os dilemas fazem parte da humanidade de forma geral. É, pois creio que há sempre um caminho mais simples a ser percorrido e nem por isso é um caminho mais fácil. Quando olho à minha volta, claro, sou único, só existe uma pessoa que tem estas influências genéticas, a família, a história que é idêntica a mim mesmo e não a outro (óbvio!), passo então a acreditar que o que pode melhorar muito a nossa vida como um todo é sempre caminharmos nos caminhos da simplicidade. Essa deve ser a base, o fundamento do proceder humano, sem relativismos. Explico.
Quando Jesus fala que o Reino dos Céus é das crianças, creio que Ele nos faz um chamado à simplicidade. Esta é a prova que nós, seres inteligentes, precisamos pra melhorarmos nossas vidas, pois há sempre uma saída satisfatória. Ou seja, há sempre um sim a ser dado, quando necessário e há sempre um não a ser dado, quando necessário. A paciência, a esperança e a caridade são sempre uma forma de responder com simplicidade às perguntas dos tais dilemas que parecem só aumentar. É satisfatório na medida em que entendemos a realidade para além das aparências. Os discípulos de Jesus penam neste itinerário de simplicidade, pois quando já se é crescido, a tendência de tudo querer resolver por meio de respostas rápidas normalmente prevalece. Mas a caridade não dialoga muito bem com esse tal de dilema, tanto pessoal, como coletivo. Exemplo: pagar o mal com o bem, dar sem querer nada em troca, dar a vez a um motorista apressado no trânsito de São Paulo e etc.
Recomeço neste itinerário constante onde só serei feliz se a caridade for sempre minha escolha primaz. Recomeço com paciência e esperança, pois quando eu olho para o meu pai, o grande Geraldo Lopes Pereira, eu vejo que é possível ser feliz. Meu pai tem o dom de colocar os maiores intelectuais do mundo dentro do seu bolso, pois o mesmo sabe ser simples, sincero e despojado de tudo o que tem, mesmo não tendo feito mestrado, doutorado e etc. (obviamente, mestrado, doutorado e outras especializações são importantes na medida em que colocamos tudo isso a serviço do próximo) Ele se realiza em ter casa e em dar casa para seus filhos, em dar casa para sua mãe, minha avó e em dar sua presença de Pai a outros tantos filhos que lhe estendem a mão. Aqui recomeço, contemplando este grande Pai que, mesmo parecendo um um pouco duro em suas decisões, "age como criança" na obviedade de ser acolhedor, mesmo quando nós, seus filhos, não fazemos por merecer tal consideração. Acredito hoje mais do que ontem que, a partir disso, o mundo pode começar a ser melhor, pois se eu estou feliz, então, transbordarei felicidade por onde eu passar, como faz meu grande e amado Pai.